CAMINHEIROS ANÓNIMOS DA MADEIRA

Ramal actual: Madre, Ribeira dos Cedros (972 mts) – Fim, Câmara de carga da Central Hidroeléctrica da Calheta, Lombo do Doutor (966 mts) – 4,8 Km
Ramal antigo: Madre, Ribeira dos Cedros (972 mts) – Fim, Sítio das Covinhas, Arco da Calheta (940 mts) e Lombo da Igreja, Estreito da Calheta (900 mts) – 17 Km

A Calheta, o mais vasto concelho da Madeira, era constituída maioritariamente por uma agricultura de sequeiro. A irrigação destas vastas terras, foi o intuito da construção destas levadas, permitiriam aproveitar as abundantes águas do Rabaçal, que corriam sem aproveitamento rumo ao mar, através da costa Norte, e trazê-las para o lado sul, onde escasseavam. Captar, contornar montanhas e atravessar a ilha eram os requisitos do trabalho, claramente uma obra de avultado investimento e difícil execução.
Foi dirigido, em 8 de Outubro de 1768, um ofício do governador da Madeira João António de Sá Pereira, ao engenheiro Francisco de Alencourt, analisar a qualidade, quantidade, distâncias e vias por onde passar as águas do Rabaçal com destino às freguesias da Calheta. Foi pedido, para que se conhecesse o "interesse", um orçamento de despesa e um da utilidade que poderia resultar do aumento do cultivo das terras regadas com semelhantes águas. No final do mesmo mês, pela mão do mesmo governador, era dirigida ao ministro e secretariado do Reino de Portugal, uma larga exposição acerca dos inapreciáveis benefícios resultantes desse empreendimento. Tais argumentos não terão sido suficientes, ou pelo menos, sem efeitos imediatos.
Só em 1834, houve ordem para o começo dos trabalhos, tendo os mesmos início em 1835. Com muitas dificuldades técnicas, financeiras e com alguns anos de paragem, os trabalhos foram concluídos em 1890. Na realização destas duas levadas do Rabaçal, ao longo de mais de meio século, foi dispendida a avultada soma de quase 186 contos de réis, algo como 186.000 Escudos, ou 930 Euros. Não parecendo muito devido à inflação, na época, seria suficiente para comprar meia tonelada de Ouro.
A Levada Velha do Rabaçal ou do Risco ficou encarregue de irrigar as freguesias dos Prazeres, Fajã da Ovelha, Ponta do Pargo e Paúl do Mar. A Levada Nova do Rabaçal ou das 25 Fontes ficou destinada às freguesias da Calheta, Estreito da Calheta e Arco da Calheta.
O Furado Novo, de largas dimensões, pode ser atravessado a cavalo, foi uma das mais importantes portas de entrada para os primeiros turistas da Madeira. Desde o séc. XIX, que eram organizadas excursões em rede ou a cavalo, desde a praia da Calheta até ao Rabaçal.
A Levada Nova do Rabaçal ou das 25 Fontes tem a sua madre na Ribeira dos Cedros ou do Pau dos Cedros e importantes captações na Ribeira da Água Negra ou do Risco onde se situa a famosa Lagoas das 25 fontes; Ribeira Grande ou do Lageado, também chamado de poço do Risco, imediatamente por baixo do Miradouro do Risco; Ribeira do Alecrim onde, actualmente e desde a década de 50, lhe são adicionadas as águas da Levada Velha do Rabaçal. Ao longo do todo o percurso, inúmeras pequenas captações e nascentes compõem o caudal da levada. Num túnel concluído em 1877, com 800 metros, o mais comprido Túnel ou Furado construído na Madeira na época, a levada abandona a costa Norte e chega à solarenga costa Sul da ilha, terminando na câmara de carga, sobranceira à central Hidroeléctrica da Calheta, concluída em 1953.